quantos altos e baixos um organismo é capaz de aguentar antes de se desfazer? ou, quantas arrancadas de pétalas uma flor suporta antes de morrer? ela morre de fato? ele se desfaz por completo?
talvez, as substâncias só se desintegrem por uma pequena partícula de espaço e aquilo que achávamos ser o fim, na verdade não passa de uma pausa antes da vida pulsar novamente.
acho que hoje fui e voltei de mim umas dez vezes. posso dizer que tive uma overdose de processamento. não digo isso com pesar. foi um ir e vir tão necessário quanto não fazer nada por dois dias seguidos.
é que hoje, algumas perguntas ganharam novas perspectivas e essas perspectivas trouxeram respostas mais relevantes. “se eu fosse eu” (não sei porquê lembrei desse trecho da Clarice). e tudo não tem passado disso... quem tem existido por dentro; quem tem resistido por fora; quem tá do lado e quem nunca entrou. as perguntas não cessam. e que bom.
as bifurcações que sempre existiram pra mim, de uma hora pra outra foram se apagando, como o caminho que é varrido no desenho da Alice. olho em frente e percebo uma única estrada. isso me acalma e também me acende um alerta de que, algumas dúvidas já não cabem mais e que o caminho sempre foi um só. é enigmático perceber que sempre me vejo no começo, nunca no durante. e ao mesmo tempo é sempre durante o caminho que percebo a vida, o que já passou e o adiante. minha ótica pessoal ainda não está totalmente limpa. preciso de novos óculos, literais e internamente.
preciso terminar as paredes; preciso responder mensagens; preciso escrever mais trinta páginas; PRECISO PRECISO PRECISO!!!
e se eu não quiser mais ter que precisar de tanta coisa? e se eu simplesmente desejar e aceitar a leveza que tem tentado caminhar comigo? mas por tanta pressa, a bichinha tá desfalecida tentando alcançar uma alma que só precisa.
quem foi que embutiu esse sistema por aqui? é uma pergunta genuína. acho que a levarei pra terapia. e é isso. estou cansada de precisar de tanta coisa, como se eu não tivesse alcançado partes tão significativas e reais da minha pessoalidade.
não preciso viver como se faltassem cinco minutos pra tudo. não tô correndo contra eu mesma. ou estou?